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Começou às 15h desta
quarta-feira (14) o depoimento do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) na audiência referente a um processo da Operação Lava Jato que
apura reformas feitas no sítio de Atibaia. O interrogatório acontece na sede da
Justiça Federal, em Curitiba.
Lula é réu nesta ação penal
acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A audiência começou às 14h com
o depoimento do pecuarista José Carlos Bumlai, também réu no processo. Bumlai,
que responde pelo crime de lavagem de dinheiro, foi interrogado por uma hora.
As oitivas são conduzidas pela
juíza federal Gabriela Hardt.
Esta foi a primeira vez que o
ex-presidente deixou a Superintendência da Polícia Federal (PF), onde está
preso desde abril. Não houve bloqueios no trajeto até o local do
interrogatório.
Apoiadores do ex-presidente
estão em frente à sede da Polícia Federal, onde Lula está preso, e ao prédio da
Justiça Federal, onde acontece a audiência.
Conforme o Ministério Público
Federal (MPF), o ex-presidente recebeu propina do Grupo Schain, de José Carlos
Bumlai, OAS a Odebrecht por meio da reforma e decoração no sítio Santa Bárbara,
em Atibaia (SP), que frequentava com a família. Outras 12 pessoas são rés neste
processo.
Os valores foram repassados ao
ex-presidente em reformas realizadas no sítio, de acordo com os procuradores do
MPF. Segundo a denúncia, as melhorias no imóvel totalizaram R$ 1,02 milhão.
Ex-executivos da Odebrecht afirmaram que o departamento de propina da empresa
bancou parte das obras.
Segundo a força-tarefa da Lava
Jato, Bumlai teria ajudado no pagamento de obras no valor de R$ 150 mil na
propriedade.
Lula nega as acusações e
afirma não ser o dono do imóvel, que está no nome de sócios de um dos filhos do
ex-presidente.
Fernando Haddad disse que
esteve com Lula nesta manhã para “prestar solidariedade” e “saber se ele estava
bem” para o depoimento.
“Ele tinha lido todos os
depoimentos das testemunhas e está muito tranquilo quanto ao que ele vai
relatar para a juíza no seu depoimento. Achei ele muito preparado e tranquilo”,
disse.
O empresário Fernando Bittar,
um dos donos do sítio, responde por lavagem de dinheiro. Interrogado pela
Justiça, na segunda-feira (12), Bittar disse que achava que Lula faria o
pagamento das obras na propriedade.
O pecuarista José Carlos
Bumlai e Lula prestam os últimos depoimentos da ação, que depois vai para a
fase final.
Juíza substituta
Os interrogatórios, que
começaram na semana passada, estão sendo comandados pela juíza federal Gabriela
Hardt, substituta na 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba.
Sérgio Moro era o juiz federal
responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, porém, ao
aceitar o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para ser ministro
da Justiça, se afastou do cargo.
Em 5 de novembro, Moro
comunicou que tiraria férias por 17 dias e que pedirá exoneração perto da
posse, ou seja, no início de janeiro.
Gabriela Hardt começou a
trabalhar com Moro em 2014 e, desde então, já o substitutiu em audiências.
Seleção do novo juiz
A seleção do novo juiz é de
responsabilidade do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Com a saída de Moro, o TRF-4
deve abrir um processo informando que há uma vaga aberta. Quem pode participar
são os juízes federais da região sul do Brasil. Entre os interessados, assume o
juiz que tiver o maior tempo de magistratura.
Lula preso
O petista está preso uma uma
sala especial na PF, na capital paranaense.
Lula cumpre pena de 12 anos e
1 mês de prisão pela condenação no caso do triplex em Guarujá (SP). Ele foi
condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A denúncia do processo do
sítio de Atibaia foi aceita em agosto do ano passado. Ao todo, são treze réus.
Segundo o Ministério Público,
Lula recebeu propina do Grupo Schain, por meio do pecuarista José Carlos
Bumlai, da Odebrecht e da OAS como pagamento por contratos dessas empresas com
a Petrobras.
Os valores teriam sido
repassados por meio de reformas no sítio de somaram R$ 1,02 milhão. As obras
começaram quando Lula ainda era presidente.
O sítio está em nome de
Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios de um dos filhos do ex-presidente.
Ao aceitar a denúncia, o juiz
Sérgio Moro disse que as provas permitem a conclusão que Lula se comportava
como proprietário do sítio e que as reformas foram feitas para beneficiar o
ex-presidente.
Moro destacou que bens
pessoais de Lula e dos parentes dele foram encontrados no imóvel e que veículos
utilizados por Lula teriam comparecido 270 vezes ao longo de seis anos no
sítio.
Agentes do ex-presidente
instalaram câmeras de segurança no imóvel.
O ex-presidente da OAS, Léo
Pinheiro, que tenta fechar um acordo de delação, disse que o pedido da reforma
partiu do ex-presidente, e que os dois falaram pressoalmente sobre o projeto.
Fernando Bittar disse à juíza
Gabriela Hardt que Lula e Dona Marisa queriam a reforma porque presicavam
guardar objetos ganhos pelo ex-presidente.
Fonte: G1