O futuro ministro da Casa Civil, deputado Onyx
Lorenzoni (DEM-RS), fala na sede do governo de transição sobre acusação de que
recebeu dinheiro do grupo J&F por meio de caixa 2 — Foto: Guilherme Mazui /
G1.
Delatores do grupo J&F
entregaram à Procuradoria Geral da República uma planilha que, segundo os
colaboradores, comprova que o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro
da Casa Civil no governo Jair Bolsonaro, recebeu um segundo repasse de R$ 100
mil por meio de caixa 2 em 2012.
A informação foi publicada na
edição desta quarta-feira (14) do jornal “Folha de S.Paulo” e confirmada pela
TV Globo. Os documentos foram entregues, segundo advogados do grupo J&F, em
maio do ano passado e estão em fase de apuração preliminar. Depois dessa
apuração prévia é que a PGR decidirá sobre abertura de inquérito ou
arquivamento.
Onyx Lorenzoni se disse um
"combatente contra a corrupção" e afirmou que a notícia
"requenta uma informação do ano passado" (leia mais abaixo o que
disse o deputado).
No ano passado, Lorenzoni
admitiu ter obtido da empresa, para a campanha de 2014, R$ 100 mil não declarados
à Justiça Eleitoral, por meio de caixa dois. Em relação a esse caso, pediu
desculpas. Mas o deputado não havia dado informações sobre 2012, ano de
eleições municipais e no qual ele não foi candidato.
O documento revelado pelo
jornal indica o recebimento de outros R$ 100 mil em 2012, quantia sobre a qual
o deputado ainda não havia dado informações. Conforme os delatores, o repasse
foi feito em 30 de agosto de 2012 em dinheiro vivo.
As informações sobre 2012
foram detalhadas pelos delatores Joesley Batista, dono da J&F, Ricardo Saud
e Demilton Castro em maio de 2017. A planilha “Doações-2012” foi entregue para
confirmar as informações.
A apuração preliminar sobre os
repasses de 2012 foi autorizada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal
Federal (STF), em junho deste ano.
Deputado contesta
Lorenzoni comentou a
reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” nesta quarta-feira na sede do gabinete
de transição de governo, em Brasília.
O futuro ministro se disse
"combatente contra a corrupção" e afirmou que a informação publicada
pelo jornal foi requentada.
"Agora, se requenta uma
informação do ano passado, dada por alguém que eu não sei quem é, se passo na
rua não sei quem é, não conheço, nunca vi”, disse.
Lorenzoni relembrou que no ano
passado admitiu ter recebido R$ 100 mil em caixa 2 da JBS, valor não declarado
à Justiça Eleitoral. O repasse foi referente à eleição de 2014, quando
concorreu e se elegeu deputado federal.
“No episódio de 2014 eu
reconheci e fiz o que uma pessoa que carrega a verdade consigo tem que fazer:
nada temo, não é a primeira vez que o sistema tenta me envolver com a
corrupção. Alto lá! Eu sou um combatente contra a corrupção e essa é a história
da minha vida", disse.
O deputado ainda afirmou que o
jornal "Folha de S.Paulo" deseja o "terceiro turno das
eleições" e disse não ter medo da publicação, do grupo J&F e de
"ninguém". Ele também reclamou de supostas tentativas de fragilização
do futuro governo de Jair Bolsonaro.
Lorenzoni abordou um inquérito
arquivado neste ano pelo Supremo Tribunal Federal, que investigou suposta
prática de caixa 2 pelo deputado na campanha eleitoral de 2006.
Ele teria recebido, segundo
delatores da empreiteira Odebrecht, R$ 175 mil não declarados. O ministro Luiz
Fux arquivou o caso por "ausência de indício suficiente de conduta
delitiva".
"Qual foi o resultado [da
investigação] depois de um ano e cinco meses? Provei que a planilha era falsa.
Disse que nunca tive contato com a Odebrecht. Provei que o senhor Alexandrino
de Alencar [ex-executivo da empresa] mentia e sei quem era o “inimigo” e não
era eu". O codinome de Onyx na planilha da Odebrecht seria
"Inimigo".
Ele afirmou que nada teme:
"Quando a verdade foi dura contra mim, ela foi usada contra. A verdade
para mim é um valor, do qual eu não me afasto. Tenho 24 anos de vida pública
sem um processo. Portanto, eu nada temo. Vamos enfrentar isso com
altivez".
Fonte: G1.