Foto: Reuters. Juiz federal Sérgio Moro durante fórum em São Paulo |
O juiz federal Sérgio Moro afirmou, em palestra na noite
de segunda-feira, que não considera ter ingressado na política ao aceitar o
convite do presidente eleito Jair Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça
e Segurança Pública do próximo governo, e que mantém válida a promessa feita
anos atrás de que jamais irá disputar um cargo eletivo.
"Eu aqui faço uma respeitosa divergência, não me
vejo ingressando na política, ainda como um político verdadeiro, para mim eu
ingresso em um cargo que é predominantemente técnico, e eu vou trabalhar com
aquilo que eu conheço, que é a Justiça", disse Moro em trecho da palestra
exibido pela TV Globo na manhã desta terça-feira.
"Mantenho válida a promessa que fiz anos atrás de
que jamais entraria na política. Não pretendo jamais disputar qualquer espécie
de cargo eletivo, mas o Ministério da Justiça e da Segurança Pública para mim
eu estou indo para uma posição técnica para fazer o meu trabalho",
acrescentou.
Moro aceitou na semana passada convite de Bolsonaro para
ser o ministro da Justiça e Segurança Pública do próximo governo, o que levou a
críticas de líderes do PT uma vez que o juiz foi responsável pela condenação
que abriu caminho para o veto à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva ao Palácio do Planalto.
Na segunda-feira, a defesa de Lula entrou com um pedido
de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) com base na suspeição de
Moro, alegando a perda da imparcialidade do magistrado para julgá-lo após o
juiz aceitar o convite para ser ministro de Bolsonaro.
Os advogados do ex-presidente alegam que o juiz
estabeleceu "relação de inimizade capital" com Lula e também
apontaram interesses "exoprocessuais" de Moro.
Na palestra em Curitiba, Moro reconheceu que, apesar de
considerar técnico o trabalho que aceitou fazer como ministro, terá que se
envolver em atuação política, em especial com o Congresso Nacional.
"Tem que se conversar com as pessoas, tem que se
buscar convencer os parlamentares a aprovarem aquelas medidas legislativas que
se mostrarem oportunas e forem apresentadas, sempre, evidentemente, com o
ouvido aberto ao diálogo", afirmou.
Moro, que na segunda-feira apresentou pedido de férias
para se afastar da magistratura antes de assumir o ministério em janeiro de
2019, vai conceder uma entrevista coletiva mais tarde nesta terça-feira.
Fonte: Investing