A exigência foi aceita, e Cunha e Henriques marcaram um encontro com Rogério Araújo e ex-diretor da construtora Marcio Faria no dia 14 de julho de 2010, em uma casa na Praça Pan-americana, em São Paulo. De acordo com Araújo, chegando lá eles foram encaminhados para a sala de reunião e encontraram o então vice-presidente Michel Temer, então presidente do PMDB, sentado na cabeceira da mesa. Além de Temer e Cunha, participou da reunião o ex-ministro Henrique Eduardo Alves.
De acordo com Araújo, a reunião foi comandada por Cunha, que em nenhum momento citou o pagamento de propina. Segundo ele, o ex-presidente da Câmara falou que estava acompanhando de perto a licitação do projeto PAC-SMS e que a Odebrecht estava bem posicionada. E que gostaria de contar com o apoio da empresa ao PMDB.
Marcio Araújo afirmou que entendeu o recado de Cunha e afirmou que a empresa assumiria todos os compromissos assumidos, ou seja, o pagamento de 4% de propina para o partido. De acordo com o delator, Temer assentiu falando que ficava feliz e que a Odebrecht era uma grande empresa preparada para trabalhar no exterior. “Fica subentendido que a cúpula estava abençoando o projeto”, afirmou Rogério Araújo em depoimento à força-tarefa da Lava-Jato.
As investigações contra Temer foram suspensas pelo ministro Edson Fachin já que presidente da República não pode ser investigado por fatos anteriores ao exercício do mandato. Na mesma obra, serão investigados o senador Humberto Costa (PT-PE) e o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT) que dividiram 1% da propina que cabia do PT no esquema.
A Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República emitiu nota sobre as declarações do delator. Confira na íntegra:
O presidente Michel Temer jamais tratou de valores com o senhor Márcio Faria. A narrativa divulgada hoje não corresponde aos fatos e está baseada em uma mentira absoluta. Nunca aconteceu encontro em que estivesse presente o ex-presidente da Câmara, Henrique Alves, com tais participantes.
O que realmente ocorreu foi que, em 2010, na cidade de São Paulo, Faria foi levado ao presidente pelo então deputado Eduardo Cunha. A conversa, rápida e superficial, não versou sobre valores ou contratos na Petrobras. E isso já foi esclarecido anteriormente, quando da divulgação dessa suposta reunião.
O presidente contesta de forma categórica qualquer envolvimento de seu nome em negócios escusos. Nunca atuou em defesa de interesses particulares na Petrobras, nem defendeu pagamento de valores indevidos a terceiros.
Via Veja / Foto : Guiame