
De 2012 para 2017, a Região
Nordeste perdeu cerca de 1 milhão de trabalhadores rurais. Segundo dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C):
Características Adicionais do Mercado de Trabalho 2012-2017, divulgada hoje (8)
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de
pessoas ocupadas que trabalham em fazenda, sítio, granja ou chácara na região
passou de 22,4% para 16,2% no período.
Apesar de ainda ter a maior
proporção do país, o Nordeste teve também a maior queda no período.
Considerando todo o Brasil, os últimos dados mostram que 11,1% da população
ocupada trabalham em áreas rurais, um contingente de 8 milhões de pessoas.
Segundo a economista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE Adriana Beringuy,
esse movimento é observado desde 2012 e confirmado em 2017, com o Nordeste
registrando a menor taxa da série para trabalhadores em estabelecimentos
rurais.
“O Nordeste tem cada vez menos
pessoas em atividades como agricultura e pecuária, apesar de ainda ser um
montante importante. Ainda que haja essa queda ano após ano, a ocupação nesses
estabelecimentos em regiões como o Norte e o Nordeste é extremamente
importante. Essas atividades ocupam parte significativa dos trabalhadores do
país, ainda que esteja havendo tendência de queda”.
Na Região Norte, a proporção
de trabalhadores em fazenda, sítio, granja ou chácara ficou em 18,7% no ano
passado. No Centro-Oeste, ficou em 12,4%, no Sul em 12,4% e o Sudeste tem 6,5%
da população ocupada em estabelecimentos do campo. Segundo Adriana, o Brasil
teve queda de 274 mil pessoas nesses estabelecimentos de 2016 pra 2017, sendo
que no Nordeste a queda foi de 386 mil. O balanço nacional foi compensado pelo
crescimento de 133 mil no Sudeste.
Adriana explica que o trabalho
no campo tem incidência importante da agricultura familiar, com pequenos
estabelecimentos e de situações informais, que podem ter sido afetados pela
diminuição no financiamento do Programa de Fortalecimento da Agricultura
Familiar (Pronaf) e também por fatores climáticos.
“São pequenos agricultores
que, muitas vezes, dependem de financiamento, como o Pronaf, e nos últimos anos
têm sido muito penalizados pela questão da seca, que se acentuou na safra
2016/2017. Então, uma série de fatores, tanto de recursos quanto climáticos,
podem estar afetando a fixação do trabalhador rural nesses pequenos
estabelecimentos na Região Nordeste”.
Cooperativas
O número de pessoas ocupadas,
como empregadores ou trabalhadores por conta própria associados a cooperativas
de trabalho ou produção, caiu para 5,8% em 2017, em comparação a 2012, quando a
taxa era de 6,4%. A Região Sul tem a maior proporção, com 10,3% das pessoas
ocupadas associadas a cooperativas. A menor taxa é a do Centro-Oeste, com 4,9%.
Por sexo, 6,7% dos homens estão nessa categoria de ocupação, ante 4,1% das
mulheres.
De acordo com a economista, a
agricultura sempre teve taxas altas de cooperativados, mas agora está na menor
da série histórica, reflexo também da diminuição do trabalho no campo.
“Associados à cooperativa
correspondem a menos de 6% dos empregadores e trabalhadores por conta própria.
Mas é uma atividade que está muito concentrada na agricultura, cerca de 46% dos
cooperativados estão em atividades agrícolas. No Brasil esse percentual é 5,8%,
mas na Região Sul chega a 10,3%. O predomínio é de Santa Catarina, que tem o
maior percentual de cooperativados no Brasil”.
Fonte: Diário de PE.