
Foto: Internet.
Sem emprego, milhares de
pessoas, algumas do interior do estado, caíram em uma fantasiosa promessa de
vagas em um shopping que, na verdade, nunca sairia do papel, na BR-101, no Cabo
de Santo Agostinho. A mentira veio à tona no final do dia desta terça-feira,
quando a família de Vítor Elias, 22 anos, o responsável pela oferta de emprego,
afirmou que o jovem tem transtorno psiquiátrico. A Polícia Civil registrou um
boletim de ocorrência após ser procurada pela prefeitura do município. No
entanto, não reconheceu crime no ato de Vítor. As vagas eram para eletricista,
encanador, pedreiro, servente, gesseiro, vendedor, estoquista, pintor e
auxiliar administrativo.
“Documentos comprovando que
ele possui transtornos psicológicos foram apresentados pela mãe. Para nós, não
houve crime. Mas se alguém se sentir lesado por ele deve procurar a Justiça e
mover uma ação cível”, ressaltou o delegado Mamedes Oliveira. Diante da
multidão ávida para entregar os currículos, a Polícia Militar foi chamada para
conter um princípio de tumulto. Vitor chegou a dizer que construiria o shopping
com 320 lojas em 22 horas. Com isso, entraria para o Guiness Book como
responsável pela obra mais rápida. O centro seria inaugurado em 1º de dezembro.
Segundo depoimento de
Rosângela Maria da Silva Santana à polícia, o filho dela sofre de transtorno
bipolar. “Ele cria as coisas e achou que poderia construir um shopping.” O
jovem divulgou em redes sociais que faria, nesta terça, o recrutamento de
pessoas para trabalhar no Shopping Palladium do Cabo de Santo Agostinho. A
notícia levou mais de 4 mil pessoas a área de distrito industrial do Cabo pela
manhã.
Rosângela contou que o filho
fazia tratamento psiquiátrico desde dezembro de 2015, quando ela procurou o
Centro de Atenção Psicossocial do Cabo para ajudar Vitor. “Ele deixou o
tratamento e foi morar sozinho. Não sabíamos de nada até ter conhecimento pelos
noticiários”, declarou a mulher. “Ele de fato acreditava que conseguiria fazer
o shopping. Não houve nenhum crime. Vitor não queria prejudicar ninguém. Apenas
ajudar as pessoas a ter um trabalho”, completou. A mãe de Vitor disse que ele
já teve ideias antes, mas nunca nessa dimensão e que levará o filho para
retomar o tratamento psicológico
O delegado acredita que os
colaboradores, como segurança, psicólogos e que integravam a equipe de
recrutamento, também foram envolvidos por promessas. Segundo a polícia,Vitor
conseguiu conquistar a confiança do responsável pela segurança da área onde
supostamente seria construído o Shopping Palladium, dizendo que queria conhecer
o local. Depois, divulgou nas redes sociais o chamado para o processo de
seleção para vagas de emprego.
A assessoria de imprensa da
prefeitura disse que procurou a polícia porque foi citada por Vítor. Em entrevistas,
o jovem disse que deu entrada na Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente com
o projeto do empreendimento, o que não era verdade. A lei do uso do solo do
município classifica a área como distrito industrial, ou seja, não poderia
receber um empreendimento como um centro de compras.
A Agência de Desenvolvimento
Econômico de Pernambuco (AD Diper) confirmou que o local do falso shopping está
inserido no Distrito Industrial implantado pela agência na década de 1960.
“Porém, o lote em questão se trata atualmente de área privada destinada a
empreendimentos econômicos, sob controle do Poder Público Municipal. Ademais, a
AD Diper sequer foi consultada por parte dos investidores a respeito do
empreendimento em questão”, diz a nota.